Hoje, 17 de agosto, é uma data e tanto. Ao menos para mim. Nascidos neste dia. Para começar, um herói bem ao estilo épico, David Crokett (1786), a leste do Tennessee, EUA, soldado, caçador e político do Velho Oeste. O poeta Fagundes Varela (1841), na Fazenda Santa Rita, Rio Claro, Rio de Janeiro. Simplesmente escreveu um dos poemas da língua, “Cântico do calvário”. Do trágico ao cômico (a demonstrar que os signos nada sabem): May West (1893), em Nova York. Atriz e cantora, supra-sumo da irreverência, uma das mulheres com mais humor que a história registrou (junto com outra norte-americana, Dorothy Parker). Pensando em cinema, que tal um dos maiores atores de todos os tempos (para o meu gosto, Taxi driver, Touro indomável, Cabo do medo e Tempo de despertar, cá pra nós!), Robert de Niro, em 1943, em Nova York, o primeiro vivo da lista. Tem um monte aí que eu poderia pôr só para constar. Mas o derradeiro nome não merece: é gente que só é citável pela vi-si-bi-li-da-de, os conhecidos bergamota-de-amostra, e não exatamente por algum talento que lhes conceda a imposição gerada por alguma importância que possam ter (Hélio Costa, Elba Ramalho, Zezé de Camargo... socorro!). Mas tem mais, gente que é gente além da conta, pelo que contam e cantam: Ed Motta (1971), das mais inacreditáveis vozes surgidas nos últimos 25 anos no País (desde os 19 anos dele). E uma voz mais jovem ainda que, sem precisar emitir notas em concentrada busca por uma melodia, hoje completa 24 anos. Voz que me embala num simples telefonema: a de minha filha Maria. Tá na história, pra quem me lê, e que sabe que a história é muito descuidada. Será comigo também. Mas eu não serei. E coloco o nome de Maria Bentancur ao lado de todos esses nomes citados, sem nenhuma pieguice, e com todo o compromisso do mundo. Os melhores. O acaso, de alguma forma, os reúne. E a mim bastaria May West contando piadas sacanas na festa de Maria, e De Niro fazendo uma performance para ela. Não vai dar, tá certo. Então vou eu lá, com aquela precariedade de todo pai, querendo ser desbravador, ator, cantor, poeta, para tentar dizer do seu amor. Mas o pai não é tudo isso. Não é nada disso. E, nessa hora, somente, e essencialmente, é pai. Mas o afeto – essa forma imprevisível de expressão –, ainda bem, acaba sempre dando o seu recado. (17/08/2008)
PS.: Na quarta-feira, dia 13, tivemos o aniversário de um dos grande escritores infanto-juvenis do Brasil (embora pratique outros gêneros), Ernani Ssó. Não saiu nenhuma nota na imprensa, claro. O cara é pra lá de bom e não faz média, principalmente com a arte que pratica e com os críticos que poderiam lê-lo com muito proveito. No dia seguinte, 14, guria ainda, pouco mais crescida que minha filha, aniversariou uma das jornalistas mais inquietas e criativas que conheço, um tanto extraviada pelo mercado acomodado, isto é, sem informação alguma de onde de fato está o ouro. Seu nome: Bela Figueiredo. Bom nome, ótimo texto, péssimo mercado. Abração com o carinho nascido de tanto admirá-los, gente! Já quanto às editorias (de editoras de livro, imprensa etc.), que reaprendam a ler, inclusive currículos.
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13 comentários:
Ei, Paulo (rsrsrsrs):
eu aniversariei no dia 15, sexta agora. Não escrevi nenhum livro, não plantei nenhuma árvore, mas tenho quatro filhos. E muito bem criados, pode acreditar. Mereço ou não mereço os parabéns?
Solange Trindade Ruschell. Santo Ângelo, RS.
Caro blogueiro: pai é pai (quando é pai, é preciso que se diga). isso poderia representar um perigo, fazê-lo resvalar ao ponto de postar um texto sem maior relevãncia, de interesse e necessidade puramente particular. Todavia, você é um escritor sério, e consegue (às vezes não sei como, só relendo), tornar o particular em universal. Não comemora apenas o anioversário da filha, mas nos assinala com importantes efemérides. Exemplo: quer dizer que hoje, em Nova York, na mansão de Robert de Niro (ele que não é um cara faceirinho nem nada), tem um monte de gente, a maioria famosos, cantando happy birthday? Eu cantaria junto. Você também está de parabéns com esse texto.
Jorge Bastos, Porto Alegre.
Solange,
parabéns atrasados então. Sinta-se incluída nessa abraço quase coletivo do texto, ainda que o destino dele tenha sido – você compreende – minha filha, isto é, dos dos meus temas mais recorrentes.
Prezado Sr. Paulo:
imagino a situação. Ou melhor, não a imagino. Um escritor experimentado como o sr, acostumado a "controlar" a sua obra (os livros), tem uma "obra" que não pode controlar, a filha. Só pode festejá-la, o que não é pouco.
Adalberto Correia Mattos, São Caetano do Sul, SP.
Amigo Adalberto, aí é que está. Vejo por dois ângulos a questão: 1) o filho nunca é "obra" nossa. É dele mesmo, com contribuições (e atrapalhações) do mundo e dos pais. Eu, por exemplo, não me sinto "obra" dos meus pais. Por que minha filha seria "obra" minha ou da mãe dela? 2) Controlar é uma palavra não muito feliz, permita a observação: eu usaria administrar a criação, aperfeiçoá-la já com um certo "consentimento dela, e isso (remeto já a outro conmtexto, só é possível com os livros, uma vez que nem a eles reconheço como obra minha. Evidente: eu, e mais ninguém, os bolou, os escreveu, reeescreveu, e os deu por terminados. Mas a verdade é que na maioria das vezes mais desistimos de eternamente reescrevê-los do que propriamente ficar convencidos de que estão "prontos". Controlá-los, então, nem pensar. Uma vez publicado, o livro pertence ao mundo, e a crítica (ou a aus~encia dela), os leitores( a falta de leitura) é que dão uma resposta mais confiável do destino dessa criação, que acaba, ela também, para surpresa de muitos, sendo coletiva.
Em suma: o filho é uma espécie de auto-autor de si, com tudo o que família e sociedade tem de contribuição e confusão a lhe causar; o livro é mais independente do que à primeira vista aparenta, embora, claro, não tenha a autonomia do livro.
Concluindo, caríssimo, nunca me passou pela cabeça controlar nada a não ser a única "obra" que posso (e nem sempre) controlar – a mim mesmo. Há a filha que me tira o equilíbrio (e me reequilibra também), e os livros que, depois de publicados, me causam mais dúvidas que certezas.
Gostei muito de sua resposta ao Adalberto, de São Caetano. Vale por pum post inteiro. Nessas horas é que a gente vê o quanto os comentários enriquecem o tema. Levam o seu trabalho de autor a se mostrar melhor. A tornar-se mais completo
Sílvia Ramirez, Curitiba, PR.
Gostei muito de sua resposta ao Adalberto, de São Caetano. Vale por pum post inteiro. Nessas horas é que a gente vê o quanto os comentários enriquecem o tema. Levam o seu trabalho de autor a se mostrar melhor. A tornar-se mais completo
Sílvia Ramirez, Curitiba, PR.
Paulo, só agora, passado das dez da noite consegui acessar o aniversariante. Já não deve ter mais velinha pra assoprar, mas lá vai um abraço.
Ernani Ssó
Paulo, quanta generosidade em um corpo só. beijos e até o café.
Aproveitando o tema deste texto(quem sabe venha outro,embora não acredite),tu que estarás entre os de amanhã: PAZ!PAZ!PAZ!
Carinho de quem te admira muito.
Joana Giacomazzi
Caro Paulo, entrando no tema(texto): "Aniversariantes de Agosto", registro o dia 16 de agosto, 73 anos de idade do homem que amo muito, mas nem tanto quanto faz por merecer: Meu pai (Alcindo Roque Engers) e meu sobrinho-afilhado (Cleber E. Bastos, 19 anos, 17 de agosto e dia 25 Celso Bastos).
A vida urge comemoração por isso, os escritores, poetas portugueses: Cesário Verde, Almeida Garret, Guerra Junqueiro, Gil Vicente (teatro) e, a inesquecível poetisa brasileira Cora Coralina alimentaram-se da palavra,
e você, meu caro poeta, escritor, aniversariante também deste 20 de agosto, que tem em tuas mãos o presente maior: A VIDA alimentada por palavras e versos. FELIZ ANIVERSÁRIO e muita festa Paulo.
Abraços
Maira Beatriz Engers (Professora de Literatura, escritora e poetisa, Porto Xavier/Santa Rosa - RS)
Paulo!!! Pela biografia aqui,51!!!
Isso pode dar "porre"!!!Então que seja porre só de coisa boa.Todas aquelas que você sabe...
Bejão.
Joana Giacomazzi
Caro Paulo, que tenhas 51 bons motivos para comemorar hoje.
Abração
Paulo Henrique Hart
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