domingo, 24 de março de 2013

ADVERTÊNCIA



Obra que é obra não tem espelho. 1) Não pode ser imitada; 2) O próprio autor, ao buscar repeti-la, fracassa. E só lhe resta então partir para algo inteiramente novo. Aliás, por fazer exatamente isto é que ele destrói qualquer possibilidade de espelho e constrói a obra. Abandona-se a cada livro, órfão de si mesmo; e diante do espelho desejado (fácil e resumidor) nada o reflete, condenado como um vampiro que deve beber o sangue de todos, mas jamais o seu. (24/03/2013)

3 comentários:

Anônimo disse...

Prezado Paulo:

maneira original essa sua de fazer crítica literária. Notamos a presença, ao mesmo tempo, do crítico e do escritor, coisas, as duas, que você simultaneamente é. Parabéns. Uma forma de nos ofertar reflexão e prazer estético.

Tânia Farias. Camboriú, SC.

Adriane Garcia disse...

Nossa! Que síntese fantástica! E não é que é assim mesmo? O escritor que fica se repetindo, o artista que fica se repetindo, perde a sua aura de criador, de criatura que gera.

Paulo Bentancur disse...

Maravilha ser lido nesse nível de compreensão. Obrigado!