sexta-feira, 25 de julho de 2008

A IMPOSSÍVEL ARTE DE NÃO LER

Leio, leio bastante, leio demais. Sempre li, leio todos os dias, lerei sempre. Como deixar de ler? Atravessei mais de quatro décadas, já alfabetizado, a experimentar pequenos milagres dentro do cotidiano que inclui a leitura. A leitura constante me ensinou a falar muito além da fala natural, aquela que todos somos capazes. A leitura constante me levou a chegar até o mais próximo possível do desenho complexo de quem sou de fato. Leio tanto, e escrevo e falo a partir disso, como se a cada momento refizesse o mesmo caminho, aperfeiçoando-o a cada retomada. Desfazendo e refazendo esse percurso e, nele, me refazendo.
De alguma forma, pela palavra, me reinauguro. Não há nenhum exagero nisso. Exagero, penso, é não ler. Como podem existir pessoas que não lêem?!, me espanto. É espantoso pensar que alguém possa viver aquém do mundo verbal na sua expressão máxima (a desse mundo, na escrita impressa). Em tal situação, sem o remédio, sem a ferramenta, sem a arma que a palavra impressa representa, sofrem de um sério problema de saúde. Saúde mental. Ler deveria ser prescrito pelos médicos. Os psiquiatras, no caso.
Os que não lêem praticam uma arte dificílima, que ignoro qual seja. Uma arte que ignora a arte, uma arte de existir apenas, sem a vida que há na apreensão das mil variantes da existência, apreensão só possível através da leitura de textos que recriam todas as experiências humanas possíveis e impossíveis. A vida, mais que na própria vida, está nos livros. Uma vida especial, aprofundada de um modo que a vida mesma, sem o suporte verbal, não suporta.
Que difícil – que terrível! – deverá ser não ler. Nem imagino como se pode conseguir sobreviver a essa catástrofe.


Através da palavra, recomeço a cada fala, a cada pensamento. Quem fala (e falar também é ler, porque é espelho de nossa leitura) se apresenta a quem escuta e nesse encontro nasce o novo, uma relação até então inédita. O escritor: eu. A cidade: o cenário, o personagem e o tema. Uma obra se inicia? Não. Ela já existe há muito tempo. É um capítulo que se abre e nele nos encontramos.
Já visitei mais de cem cidades no Rio Grande do Sul, e em todas elas estive a convite de escolas, universidades, feiras de livro organizadas por instituições. Fui “a trabalho”, isto é, dar palestras, ter encontros com alunos, professores. Sempre buscando, não promover meus livros, não, mas promover um dos bens mais preciosos que conheço: a palavra impressa, cuja convivência nos ajuda a nos entendermos melhor, a entendermos melhor nosso próximo, a acharmos um jeito eficiente e verdadeiro de mostrarmos quem somos para os outros e para nós mesmos.
Sem as palavras, seríamos seres ilegíveis.

A palavra nos desenha. Nos recorta. Nos seleciona. Nos traduz. Deixamos de ser um estranho, de ser um animal belo porém de poucos recursos. O uso das palavras – o bom uso delas, naturalmente – nos aproxima uns dos outros e nos aproxima dos mistérios da vida mais concreta (que é indiferente a nós sem tal ponte) e das profundezas mais insondáveis do espírito.
Aliás, através das palavras tais profundezas deixam de ser insondáveis.

Sempre achei que nasci duas vezes. Quando minha mãe me deu à luz e quando aprendi a ler.

Depois que comecei a ler, não parei. Não parei mesmo. E resolvi que queria escrever para, de alguma forma, retribuir o prazer que os livros me davam.
Decidi cedo que seria escritor. Acho que com doze anos eu já sabia que o meu destino seria o de publicar livros. Embora faltasse muito tempo ainda, claro.
Mas comecei, pré-adolescente, a escrever contos, poemas, quase todos os dias.
Eu era um menino como qualquer outro. Levantava pandorgas em Santana do Livramento, onde nasci (depois que fui para Porto Alegre não levantei mais), jogava futebol e era metido a craque (metido apenas, os adversários discordavam dessa minha opinião e geralmente estavam certos), me apaixonava mensalmente por uma colega de aula. Como todos. Ou quase todos, já que alguns de jeito nenhum que iriam... querer ser escritor! Apaixonar-se mensalmente dá menos trabalho.

Minha família mudou-se para Porto Alegre em 1967. Comecei a publicar contos, artigos e poemas nos jornais da capital aos 18 anos. Em seguida fui trabalhar em editoras. Minha tarefa consistia em ler livros escritos e convencer o dono da editora em publicá-los ou em recusá-los. 90% eram recusados, o que é normal. Nesse trabalho, acho que conquistei 10% de amigos e 90% de inimigos.
Demorei para decidir-me a publicar meus próprios livros. Primeiro, preferi testar meus escritos em concursos literários. Quando ganhava algum, mandava o texto premiado para alguma editora. Se a editora aprovava o texto, que bom. Eu topava e o livro saía. Foi assim que passei a publicar. Bastante até. Minha bibliografia consta de mais de 30 títulos, a maioria de infanto-juvenis. Por quê?, me perguntam. Acho que porque tenho um temperamento adolescente, ou seja, sou inquieto, curioso, em constante transformação, o que me parece um sinal de vitalidade.

Ser leitor não significa ser escritor, é claro. Mas como sou escritor e como a coisa que um escritor mais faz na vida não é escrever, mas é ler, sou um leitor antes de mais nada. Um leitor voraz, insaciável.
Vivo, dentro do universo, como todos, um universo em especial, o do livro, do escritor e da leitura. Universo que passa pela escola, que pode formar leitores mas também pode destruí-los. Passa pelas feiras de livro, que, como qualquer evento, qualquer festa, servem de convite – nem sempre irrecusável, infelizmente – para o convívio com o livro. Passa, em resumo, por diversos aspectos, uns e outros contribuindo ou atrapalhando uma relação que deveria ser natural, como nossa vontade de ir ao cinema, de escutar música: a relação do ser humano com o ato de ler.
Ler – faço questão de destacar – QUALQUER COISA. Existem gibis fantásticos, histórias em quadrinhos maravilhosas. Algumas graphic novels superam muita literatura metida a besta que anda por aí. Questão de ler, ler bem e então poder distinguir. Há revistas com matérias insuperáveis, reportagens com todos os ingredientes de uma boa ficção (e com o tempero de a personagem principal ser a realidade), artigos, crônicas e entrevistas de excelente qualidade. Tem jornal cuja leitura constante nos deixa pessoas mais completas.
Ler. Isso é o que importa. Leitura que não se resume apenas à palavra, mas que não a dispensa. Leitura que igualmente se dá no ato de olhar uma gravura, uma foto, um quadrinho, um olhar de ressaca ou um olhar limpo, um expressão de contrariedade ou um sorriso no que ele tem de menos evidente.
Falo mais em livros porque é neles que em geral há material impresso mais denso, é neles que moram os clássicos, os autores importantes. Mas eu, por exemplo, além dos 2.000 livros que possuo em casa, assino dois jornais e três revistas. E ainda fico com vontade de assinar outros mais. (25/07/2008)

14 comentários:

Anônimo disse...

Paulo,

que país mais esculhambado esse nosso. Eu sempre li, desde que me conheço por gente. Só li. Não escrevo nada (não exatamente porque não saiba, é que nunca esteve nos meus planos ser ESCRITOR, parece pompa demais), mas costumo ler qualquer coisa que me caia nas mãos, até bula de remédio. Vontade grande de saber. Uma coisa "incorrigível" (risos). Talvez para dar mais armas para a minha profissão, vendedor. Eu não sabia que eu era tão raro assim. No boteco que às vezes freqüento, aqui no bairro, antes de jogar uma sinuquinha nos fins de semana, está cheio de conhecidos que, acho, não lêem nada. Mas conheço outros que naturalmente lêem. Não fazemos parte das estatísticas? Acho que o grande problema, para falar bem a sério, está nas escolas. A começar, pelas professoras, que, a julgar pela do meu filho, não lê muita coisa não.

Álvaro da Matta – Cotia, SP.

Anônimo disse...

Prezado Paulo,

parabéns por seu trabalho tão sério, seu blog um pouco diferente de muitos que temos visto por aí. Bons de ler, é verdade, mas um tanto, como posso dizer?, um tanto descartáveis no dia seguinte. Você posta comentários sérios, que nos levam a refletir. Mas meu comentário é sobre o comentário do Sr. Álvaro. É perigoso generalizar. Muitos educadores têm feito o diabo, têm se virado como podem em um cenário desolador, de nenhum incentivo fora e dentro de casa. Incentivo mesmo, acredito, só em casos raros, como os de seu blog. Não posso falar por todas as escolas, e isso é óbvio, mas pela minha posso falar, e principalmente por mim mesma. Faça o que posso e até o que não posso para estimular à leitura. Acho que é isso, cada um fazendo o que estiver a seu alcance. Desconfio que igualmente muitos escritores escrevem, "simplesmente" (sei que não é simples e é sua única obrigação) e nada fazem além disso, deixando que o ato da leitura se crie por si mesmo. Como se fosse possível...

Marilena Viegas, Fortaleza, CE.

Anônimo disse...

O bom de ler você, Paulo, é que a gente sempre sai do seu texto pensando, pensando. Que coisa mais óbvia e ao mesmo tempo que sacação: não ler é algo quase impossível de se conseguir, você tem toda a razão. E estamos cercados de gente especialista no impossível, eheheh (embora não seja motivo para rir).

Mas e aí? Mais de 150 milhões de brasileiros não lêem nada a não ser bula de remédio, conforme está um pouco no seu blog e também conforme as mais recentes pesquisas. O brasileiro é mesmo um milagre da "involução" planetária. Ou, pior ainda, não é só o brasileiro, mas o planeta todo. Creio que exceção a EUA, França, Alemanha, Japão, Suécia e meia dúzia de outros países, o resto do mundo teme tanto um livro como a uma arma. Azar de todos.

Ricardo Elias Yuñes. BH, Minas.

Anônimo disse...

Sr. Paulo,

sou professor de português numa escola agrícola no interior do RS. Tenho experimentado com nossas turmas, pela manhã os menores (3a e 4a séries), e à tarde os maiores (de 5a a 8a), gincanas de leitura. A resposta deles é a melhor possível. Acho que só é preciso deselitizar o ato de ler. Envolver a relação leitor potencial e livro em jogos e outras atividades capazes de tornar tudo uma coisa normal. Funciona!

Emanuel Mendes dos Santos – Carazinho, RS.

Anônimo disse...

Sabe, devo confessar. Tens fases que não leio quase nada. São alguns dias que passo assim sem vontade de me informar, sem ânimo para curtir alguma aventura, para rir com algum texto de humor, para me envolver com qualquer história. Não são dias legais. Percebo que é justamente nesses dias que não só não leio como não faço mais quase nada. Até parece que estou paralisado, que alguém gritou "mandrake!". Depois volto a ler, a ver filmes, a escutar música, e a conversar com as pessoas de forma mais animada. É só um desabafo. De um às vezes não-leitor para um sempre-leitor, que é o que o Sr. parece ser.

H. R. do Vale / Porto Alegre, RS.

Anônimo disse...

O melhor desses posts é que além deles tem os comentários, e a gente pensa nas questões que tu levantas, sempre com propriedade, e nas reações das pessoas, com experiências tão diferentes e pontos de vista idem. Isso somado acrescenta em muito para que possamos ver de maneira ampla os temas. Excelente!

Rubens dos Reis, Canoas. RS.

Anônimo disse...

Caro blogueiro:

sou um bogmaníaco, como dizem meus amigos. Vasculho de tudo um pouco na internet. Já devo ter visitado mais de mil blogs, só em português. E só das áreas de que gosto, literatura e filosofia. Blogs do Brasil e de Porgual. Em Portugal tem uns ótimos... Mas queria, de passagem por aqui, destacar a qualidade do teu site. Gostei particularmente do link "Lendo e Relendo", mas achei os textos breves demais e com poucos livros. Preparei-me para escolher aanálise de uns 20 entre cem livros, digamos, e nem 10 livros estão comentados. Sugiro que você invista mais nessa área. O público gosta de dicas, e uma boa crítica é a melhor indicação de leitura que existe. Quanto ao seu blog propriamente dito, destaco "A Biblioteca Invisível" (aliás, bem que poderia ser esse o nome do seu blog, tem tudo a ver), "Para Quem Não Quer Ler", 1 e 2, e "Meu Personagem, Meu Irmão?" e este "A Impossível Arte de Não Ler". Parece que a experiência da leitura e os bons e pouco conhecidos livros são a sua especialidade. Já vi que não poderia passar na corrida por aqui. É parada obrigatória. Até breve.

Fábio Prondzinsky, Rio de Janeiro/RJ

Clecia disse...

Ótimo post! Também tenho verdadeira paixão pelos livros. Também não consigo entender como uma pessoa não aprecia ler. Um abraço e bom fim de semana!

Anônimo disse...

PAULO,permita que meu comentário vá ao paulista Alvaro, que faz comentário sorbe a pobre "professorinha" do seu filho não lê muita coisa. Sua profissão:VENDEDOR. Imagino que com tanto trabalho, nem tenha tempo para prestar atenção o quanto esta professora tem que ler.
Imaginas, por acaso, que para ser uma boa professora deve estar diariamente lendo, lendo grandes autores, novidades de todos os tipos?
Que lamentável engano... E os duzentos ou mais textos, provas, produções textuais, isso não é leitura? Sobra tempo, sobra sim. Para alguma poesia, alguma crônica que deve depois ser usada em sala e aula.
Feliz são os vendedores que têm tempo para ler, ler muito.
Olha,mesmo não tendo tempo pra ler mais, ainda prefiro estar aprendendo diariamente com meus "leitores,escritores" da sala de aula que qualquer coisa que anda por aí chamada boa literatura.
Somos mais felizes aqui no RS, temos autores mavavilhosos(VIVOS), Fazemos belos trabalhos, inclusive com a presença dos mesmos e os rerultados são surpeendentes...
Cuidado, amigo... há professoras e professoras...(tadinho do teu filho!Troque de professora, já que constataste isso!)

Suzana Bergamini Professora de Port. e Lit. Escola Pública (E.M. e Fund.)

Anônimo disse...

Paulo,

Não acredito na leitura, qualquer leitura, só pra se dizer que lê.
Sou daquelas pessoas que prefere não ler que ler quelquer"coisa".
Há tanto lançamento pomposos com estradalahaços na mídia etc... e conteúdo? Ah,desculpa, mas para estes não perco meu tempo.
Os bons, ah estes sim.Esses normalmente descobre-se sem os olofotes, eles brilham por si mesmos...Esstes valem a pena. E como valem!(Vamos prerstar mais aetenção?)

Beijo

Joana Giacommazi

Anônimo disse...

Vou meter minha colher nesse saudável debate entre os amigos que visitam este espaço de convivência. Parabéns ao Álvaro, de Cotia, SP, que trabalha numa área difícil, vendas, e que lê de tudo. E parabéns à professora Suzana, que com razão observa que há "professoras e professoras" e que destaca o trabalho que se faz no RS. Sou suspeito para falar, amigo Álvaro, mas aqui no extremo sul do País há programas incríveis, como o "Adote um Escritor", da Secretaria Municipal de Educação, e o "Autor Presente", do Instituto Estadual do Livro, este há 35 anos funcionando a pleno vapor. 35 anos! Essas instituições públicas pagam o cachê e as escolas recebem a visita do escritor. Um esforço e tanto para disseminar o hábito da leitura, a começar pelo principal: desmitificando a figura do autor como um "ser do outro mundo". A garotada bem cedo já fica cara a cara com quem escreveu os livros. Mas também tem razão o Álvaro, quando chama o País de "esculhambado" (uma nação ainda jovem) e aponta a professora de seu filho como, pelo que entendi, não motivadora. Eu, particularmente, se dependesse dos meus professores (mas acho que não vale: isso foi há 35 anos, rsrsrs), não ia ser escritor, muito menos leitor. Conclusão: infelizmente, só as exceções (a iniciativa pessoal do Álvaro; a consciência crítica e atenta da educadora Suzana Bergamini, um exemplo) funcionam. A regra ainda não é feita pelos melhores, mas pelos piores. É o que parece. Resumo da ópera: apenas com superação, travando batalhas, seremos e formaremnos leitores. Eu, que tenho duas filhas, preciso estar atento ao desenvolvimento delas também no quesito LEITURA. Se deixo para lá, expontaneamente elas não iriam ler "até bula de remédio" – o mundo contemporâneo as puxa noutra direção.

Anônimo disse...

Querida Joana Giacommazi: notei que tens sido uma fiel visitante neste blog, sobretudo por valorizares o espaço com teus comentários, e tão generosos quanto, neste caso em especial, polêmicos. Segundo Joana, não basta ler só por ler, é preciso ser mais seletivo. Bem, eu tenho lá as minhas dúvidas. Depende do estágio em que se está. Exemplo: se o sujeito não costuma ler, é bom começar, e aí pode ser por QUALQUER coisa, só para exercitar o ato de pegar um livro, e de executar a operação mental de traduzir a letra impressa em significado, mesmo que pífio. Já é um início... Se a pessoa é um leitor com certo hábito, bem, naturalmente será seletiva segundo os seus próprios critérios, não os meus. E, mesmo que não os tenha atendido, se ler por pura compulsão, mesmo "sem critérios", dos males o menor: estará lendo, isto é, algum benefício alcançará, nem que seja a simples e elementar familiaridade com o idioma pátrio, o que já não é pouco se julgarmos pela média dos brasileiros e suas redações, tipicamente de semiletrados. Outra coisa, arrojada Joana, de que discordo um pouco: referes-te a lançamentos com "estardalhaço na mídia" e conteúdo deixando a desejar. Bem, digamos que seja o caso, típico dos BESTA sellers do nível Paulo Coelho, Jô Soares e assemelhados. Não é mentira! Mas "estardalhaço na mídia" em se tratando de livro é muito, muito raro se compararmos com estardalhaço para filmes, em primeiro lugar, e música, em segundo, 90% das novidades sendo lixo absoluto. Livro nunca recebe o espaço que merece, mesmo os puramente midiáticos e sem conteúdos. Uma ressalva que precisa ser feita. O que não tira a razão de Joana, apontando para a indispensável atenção que devemos pôr no que nos é oferecido, livros ou qualquer outro produto. O problema maior é que livros raramente nos são oferecidos.

Anônimo disse...

Parabéns ao empenho da professora Suzana, que é bem diferente da maioria que tenho, senão visto, ao menos sabido. A crítica ao nível da educação no País não é de hoje e vem de todas as áreas. Só discordo de sua sugestão: que eu troque de professora... Como posso fazer isso? Não está ao meu alcance. E trocar de colégio, que é o que eu poderia fazer, é apostar muito no acaso. Não se tem a mínima garantia de que tal medida vá resolver o problema do meu filho e o de tantos outros filhos de tantos pais. Aliás, o problema já começa em casa, onde ninguém lê. Pelo menos não na minha, mas isso não me consola. Discordo principalmente da Sra. Joana, que afirma, categórica, que não acredita em qualquer tipo de leitura "só pra se dizer que lê". Achei engraçado! Quem leria só pra dizer isso? Aí já estaremos delirando...

Álvaro da Matta (Cotia, SP).

Anônimo disse...

Paulo,
meus olhos, meus ouvidos e minha alma te escutam, te ouvem,te lêem desde 2003. Oxalá, continues plantando, replantando conosco a palavra, a LEITURA, mesmo que já tenha dito que:" Os professores, principalmente das séries iniciais, revelam a mínima intimidade com a leitura, a LITERATURA em geral." A leitura escolar passa a ser obrigação do aluno, quando a leitura precisa ser um mundo de liberdade intelectual e um fonte de prazer.

Meu caro,com "A Impossível Arte de
Não Ler", sinto-me caminhando com você a Dostoyewiski:
"Que importa os homens grandes
que importa tua covardia
se em teu vago espelho
os teus livros te justificam." (Crime e Castigo"
Abraços
Maira Beatriz Engers (Professora de Literatura, escritora - Porto Xavier- Santa Rosa/RS)