quarta-feira, 16 de julho de 2008

CAVALOS AFOGADOS NO MAMPITUBA

No Rio Grande do Sul, muitas são as vozes literárias significativas condenadas ao silêncio diante do leitor brasileiro. E não só no Rio Grande do Sul...


Outro dia, de madrugada, assisti a um programa de tevê sobre um grande escritor. Falavam, apresentador e convidados, acerca de um autor que no Mato Grosso do Sul fazia pelas letras do País o mesmo que o mineiro Guimarães Rosa fez, instalado no Itamarati, no Rio de Janeiro. Rosa, como se sabe, é um dos três ou quatro mais importantes escritores de nossa literatura. O mato-grossense, pauta do programa que me impressionou (mais, consternaria), chama-se Ricardo Guilherme Dicke. Publicou e foi premiado, com alguma repercussão, no final dos anos 1960, 1970. Depois atravessou a década de 80 como uma sombra ou menos. No início dos anos 90, tentaram ressuscitá-lo, sobretudo sob as mãos zelosas de José Paulo Paes. O seu romance Caieira (Estação Liberdade, 1982) ganhava página inteira de um dos mais importantes jornais brasileiros. E sua obra já fora objeto de duas resenhas na mais importante revista semanal brasileira (mas isso em 1968).
Era uma guerra perdida. Diante da tevê, na madrugada, eu revia a trajetória de um homem que fez 70 anos a 16 de outubro de 2006 (e o programa apoiava-se nesse efeméride), que publicou livros fortíssimos e singulares no plano lingüístico, na contundência da trama, no realismo tocante das personagens, e que, mesmo assim, foi e é ignorado. Deus de Caim (Bloch, 1967), Décima-segunda missa (edição do autor, 1968), Figueira-mãe (1969), Caieira (1ª edição 1971), Madona dos Páramos (1993). E O Salário dos Poetas (2000), que foi dramatizado até em Portugal. O programa, ao término, rolando sua interminável lista de créditos, apôs a seguinte informação: “O autor possui oito livros inéditos e está à espera de editoras interessadas.”


Uma Rússia com calor e mosquitos

Não há espaço, num periódico legível, para o exame necessário de tal fenômeno. Em síntese, que fique, em linhas gerais, o seguinte diagnóstico: o Brasil – azar nosso – é um país-continente; uma colcha de retalhos, sim, mas descosturada. Uma espécie de Rússia com calor, mosquitos e a mesma remota distância geográfica de um centro a outro, a gerar acesso difícil entre as “províncias”. Um caudal de culturas, sim, mas o caudal não vem à tona, e duas ou três expressões regionais predominantes (as cosmopolitas ou as folcloricamente exportáveis) conquistam o mercado e a História, esta cada vez mais de braços dados com o mercado. Usando a Rússia como exemplo, Brasil é pior ainda, pois sem unidade nacional alguma, a não ser aquela que a displicência tropical consente.
Vamos, assim, direto à circunscrição deste texto: o país dos gaúchos. Não chamado desta forma gratuitamente. É um país à parte, como o Mato Grosso da Cuiabá de Ricardo Guilherme Dicke, como a Amazônia de Milton Hatoum (de quem não fogem) e Vicente Franz Cecim (de quem fogem), condenado talvez pela falta de fôlego de uma nação tão prodigiosa territorialmente quanto em talentos – e que não sabe dar conta disso de forma digna. Esquecer é mais fácil do que se supõe.
Não basta escrever. Publicar é outro desafio tão ou mais difícil. Para alguns, mais difícil. Escrever depende, praticamente, só de si. O autor se impõe o ato, ou necessita, vitalmente, da ação. E ela acontece, com êxito ou sem. Mas, uma vez pronto, é preciso dar visibilidade ao livro, e não basta imprimi-lo, entregá-lo a uma editora que o tornará tão invisível quanto era quando inédito.
As melhores casas publicadoras, óbvio, estão no coração financeiro do país, São Paulo-Rio de Janeiro. Salvam-se pouquíssimas em outras capitais. Mas quase não contam. Desta forma, o autor gaúcho, municiado de seu novo original impresso, encadernado, monta seu metafórico tordilho e tenta atravessar o Mampituba, rio com 60km de extensão, em cujo leito inferior, na margem oposta, acena o estado de Santa Catarina. É preciso atravessar o rio, e então o estado vizinho, depois o Paraná, e chegar em São Paulo, onde...
As águas não são rasas. E não é uma metáfora. Se fosse, ainda assim a travessia é longa e, mais que geográfica, temporal, histórica, cultural. Não termina nunca. Não há cavalo nem cavaleiro que agüente.
Tânia

O leitor já se deparou com o nome de Tânia Jamardo Faillace? Pois devia. Ela andou publicando, e muito, nos anos 1970 e início dos 80. Há vinte anos as portas estão fechadas. Por indicação de Erico Verissimo, começou na Globo, à época com sede em Porto Alegre: Fuga, 1964, e Adão e Eva, 1965. Pela Editora Movimento, em 71, saiu sua obra-prima: O 35º ano de Inês. Furaram o bloqueio do eixo SP-RJ (naquele tempo gaúcho só editava no RS, com raríssimas exceções) os contos de Tradição, família e outras histórias (Ática, 1978) e o romance Mario-Vera / Brasil 1962-1964 (Marco Zero, 1983; Círculo do Livro, 1986). Participou de antologias que em plena ditadura reuniam os escritores malditos, aqueles que incomodavam mesmo, como João Antônio, Ignácio de Loyola Brandão, Caio Fernando Abreu (um gaúcho que atravessou o Mampituba já no segundo livro – explicação: com 19 anos, Caio foi trabalhar em São Paulo, na redação de uma grande revista) etc. Vinte anos depois, meados dos anos 90, Tânia foi tema do Fantástico, programa dominical da Rede Globo, vejam só, e de várias notícias da mídia televisiva, radiofônica e jornalística (com capa em suplementos culturais). Terminara seu maior projeto, o maior projeto da literatura brasileira. Para sermos mais exatos, o maior da literatura ocidental: o romance-rio Beco da Velha, 7.000 páginas; se dividido em volumes (o que seria editorialmente imperioso), 20 tomos de 350 páginas. Nada há que se lhe compare em fôlego narrativo na literatura universal em qualquer tempo. Uma espécie de folhetim em alto nível contando cerca de 30 anos da história do Brasil, dos Anos 1950 ao presente da protagonista (situado em 1975), Maria Geneci, uma mulher de extração social simples, mas que... age!
A experiência de jornalista e militante da autora, somada ao rigor narrativo, à sensibilidade para os tipos em sua psicologia individual e também em sua circunstância social, e o rigor com que revive (ampla pesquisa, intensa vivência direta) os instantes-chaves do País em seu impacto político e, desta forma, a envolver a todos, leva Tânia a um resultado assombroso, muito acima dos grandes painéis e épicos de que se tem notícia.
Verdade: é praticamente impossível publicar tamanho catatau. Mas se a dimensão do projeto assusta, a qualidade literária estimula. (Ainda que poucos o tenham lido, bastam os livros da autora já publicados e a dúzia de nomes referenciais que não resistiu a dar uma folheada no monumento para endossarem a edição do prodígio.) O que será – não nos perguntemos acerca de Tânia, que já fez a sua parte – de todos nós, privados de tal obra, superior, sob diversos aspectos, à maioria do que tem vindo a público?
Hecker

Paulo Hecker Filho (1926-2006) escreveu cerca de 20.000 cartas. Foi um... Mário de Andrade gaúcho. Recebeu o reconhecimento (sempre mais nos bastidores do que diante da platéia) de João Gaspar Simões, grande biógrafo e crítico português, Drummond, Darcy Ribeiro, Dalton Trevisan, Rubem Fonseca. Uma vez, disseram-lhe: “És autor de autores.” E era. Pela paciência e pela intensidade com que se envolvia com os novos. Recebia diariamente muitos originais para avaliar, mesmo de autores com carreira assentada, e lia com agilidade, mas não menor atenção, anotava tudo, reescrevia, revisava, apontava (80% dos casos) falhas, insuficiências, coisas a melhorar. O remetente agradecia (apenas nos bastidores), seguia todas as instruções – tinha o livro salvo; e mandava, esquivo, o próximo texto para ser examinado. Se o resultado fosse semelhante, mexia menos, não mais agradecia, e nunca mandava outro. Cortava relações. Grandes nomes de nossa literatura chegaram a dizer-lhe: “Agradeço a boa vontade, a franqueza, mas te peço, não escreve sobre meu livro no jornal.” Como dizia o Eclesiastes...
Hecker foi também um grande poeta, além de tradutor de Rimbaud, Apollinaire, Yasunari Kawabata (Prêmio Nobel de Literatura de 1968), Maurice Leblanc, os argentinos Benito Linch e Eduardo Mallea, entre vinte outros nomes relevantes, tanto do francês, espanhol e inglês. Sua mais significativa tradução é de A Celestina, de Fernando de Rojas, contemporâneo de Cervantes e que, sem exagero, não lhe fica muito abaixo. Poeta a merecer importantes prêmios, teve livros reconhecidos por gente como Ferreira Gullar e outros insignes nomes que a civilidade nos impele a declinar. Tudo porque tal reconhecimento sempre se deu através de cartinhas entre a delicadeza e a mesquinharia, bilhetes apressados, quase numa demonstração de temor ante assumir que o crítico, severo e escandalosamente honesto, de seus livros tinha talento literário (e provável razão nos reparos que lhes fazia).
Paulo Hecker Filho publicou, desde 1949 até 2004, dois anos antes de morrer, em 55 anos de carreira literária – não é tempo mais do que suficiente para um reconhecimento em vida? – aproximadamente 30 livros, 15 de poemas. Ficou marcado como crítico, porque incomodou demais. Como poeta, alguns lhe apontaram os excessos prosaicos, provavelmente porque incomodados com a figura que não se deixava levar pelo carreirismo e, na estética, pelas fórmulas poéticas que confundem falta de coragem ao criar e insinceridade literária com síntese e rigor. Hecker era “derramado”, como um Whitman, um Pessoa, um Eliot são “derramados”.
Seis livros de crítica, com destaque para Um tema crucial – Aspectos do homossexualismo na literatura (Sulina, 1989), no qual expõe Proust, Gertrude Stein, Guimarães Rosa, Darcy Penteado (quem lembra?) e uma vintena de autores e obras nas quais o homo-erotismo é protagonista tratado pela crítica oficial com a ponta dos dedos. Já era hora.
Com a morte de Hecker, em 2006, a poesia brasileira perdeu um poeta diferente de todos e de tudo que até então se fizera na lírica mais lírica ou menos lírica. Aos desconfiados, peço que confiram apenas dois poemas: “Os poetas menores”, do livro Vento, águia, coelho (SMC, 1991), uma peça irresistível sobre a mediocridade, e “Condições”, de Ver o mundo (Camaleoa, 1995), onde, num tom quase pessoano, não o ultrapassasse, Hecker bate os pregos em si mesmo, numa desconcertante toada em prosa poética: "sou judeu, sou negro, sou louco, sou puto". Respondam, os que encontrarem tão inestimáveis e raras peças: não se tratam de dois dos mais contundentes poemas já escritos em língua portuguesa?
Podem verificar com calma e responder sem medo. Hecker está morto e nunca saberá disso.
Santos de casa fazendo milagres... em casa!

De fato, dois nomes emblemáticos podem acontecer em qualquer região, como dois fenômenos caídos do céu, dois acidentes. Mas o que dizer de Luiz Antônio de Assis Brasil, que chegou a beliscar, com A margem imóvel do rio (L&PM, 2004), o Prêmio Portugal Telecom de 2005? Assis Brasil, segundo Wilson Martins, é um dos maiores romancistas vivos do Brasil. Vende, no RS, cerca de 10.000 exemplares, em média, de seus aproximadamente 15 romances com ambientação histórica sul-riograndense. Alguns, como Videiras de cristal, levados ao cinema e já em 6ª edição. Mas seu público e sua crítica mais dedicados residem aí, onde ele reside. O mesmo se dá com Sergio Faraco (A Dama do Bar Nevada, Majestic Hotel, Dançar tango em Porto Alegre, todos da L&PM), um contista de primeira grandeza, no nível de um Rubem Fonseca dos bons tempos, de um Dalton Trevisan, de um Sérgio Sant’Anna. Clássico vivo. Visto com alguma reserva, velada, por ser “regionalista”, com temas e linguagem rurais em boa parte de sua pequena e meticulosa produção. Leram-no tão mal, e apressadamente, que mal sabem que metade de sua contística é urbana.
A lista não é pequena. Tabajara Ruas é outro exemplo dessa travessia difícil. Seu Os varões assinalados, publicado 35 anos após a primeira parte de O tempo e o vento, de Erico Verissimo, apresenta notáveis progressos à literatura herdada de um mestre. A novela Perseguição e cerco a Juvêncio Gutierrez é um García Márquez sem maneirismos, cinematográfico, e mais ágil.
Paremos por aqui, embora a lista prossiga. Nos anos 90, surgiram diversos nomes. A lição aprendida com as gerações precedentes (era preciso fazer alguma coisa, atravessar o Mampituba, não mais a cavalo, mas em jatos, ou através da rede mundial de computadores), fê-los subir o país, no mínimo até o centro, adotar uma nova postura de relações pessoais, fatalmente – e lamentavelmente – decisiva para a difusão de uma arte que não circula com facilidade, por mais importância que possua.
Cantada, nesses subtrópicos, a aldeia nem chega a ser brasileira. Que dirá universal.
Nota: Ricardo Guilherme Dicke morreu na quinta-feira passada, dia 9 de julho, em Cuiabá, e foi enterrado na cidade onde sempre viveu, no dia 10. A causa da morte, segundo a assessoria de imprensa do Hospital São Matheus, em Cuiabá, onde o escritor estava internado desde o dia 5, foi "insuficiência respiratória aguda após parada cardiorrespiratória revertida em hipertensão arterial severa". Pelo menos no Mato Grosso seus livros, neste dias, devem receber bastante procura e esgotarem. Tarde demais. (16/07/2008)

12 comentários:

Anônimo disse...

maNpituba, velho.

nem li o resto depois dessa...

sou um leitor assaz exigente, sabes disso.

abraço,

j ritter

Anônimo disse...

ou melhor, maMpituba, hehe.

j ritter

Anônimo disse...

Que belo texto.
Mapituba,Mampituba, pouco importa, sabemos como é.
Ler o texto é que me faz ver o quanto és grande,lembrar todas estas figuras incríves, nos lembrar, só um Paulo Bentancur mesmo.
Alguém que escreve,e bem, que ainda assim mostra aos seus leitores quantos mais são bons e muitas vezes andam por aí esquecidos.
Depois de mortos serão homenageados.
Que país é esse?
Talvez tenha que ser "Mapituba" mesmo. Quem vai se importar ou lembrar se é ou era Mampituba? Nem sabem como é do outro lado do rio!
Então, pouco importa o nome de rio, de gente, seja lá o que for, com o tempo será esquecido mesmo.
Memória...memória...

Bom que estejas de volta.

Beijo

Joana Giacomazzi

Anônimo disse...

Nada disso me espanta, Paulo. O que me espanta é a quantidade de escritores medíocres que estão nas grandes editoras, que são levados a sério pela imprensa e pelos acadêmicos. Nem o argumento de que vendem muito cola, porque muitos deles não vendem grande coisa. Quer dizer, que dois ou três bons escritores se dêem mal, pode ser compreensível, mas que manadas de medíocres faturem parece forte demais pra uma coincidência.

Ernani Ssó

Anônimo disse...

Paulo,
muito boa a bordagem de hoje.
Esta é nossa realidade,infelizmente.
Triste pergunta:Se o Brasil não muda em nada, só piora, mudaria na Literatura?
Gostei muito do modo como colocaste a questão.
Abraço
Lúcia Helena.

Anônimo disse...

Jorge Ritter, leitor exigente. Receber tua visita no blog é uma honra que consola. E acredito que seja o teu humor, naturalmente, o responsável por colocares em pauta uma discussão que seria boba, se levada a sério, sobre a grafia de um rio que, conforme o texto comprova, eu conheço e tão-somente se tratou de erro de digitação no título (saiu "Mapituba"), que já corrigi.

O problema do humor é que ele às vezes puxa a faca depressa demais. Ou finge puxar, né, Jorge? Mas ao fingir, alguma testemunha pode responder com um tiro. Tarde demais, velho.

E vê se não desistes tão fácil assim, como já apregoaste. (Sei que "apregoaste" te doeu nos olhos e nos ouvidos.)

Bitoca.

Anônimo disse...

Tão inspirado o texto A PALAVRA DESENHA O MUNDO que, ao terminar a leitura, tive a impressão que faltou o \"D\" em A PALAVRA DES(D)ENHA O MUNDO.
Parabéns
e meu abraço.

Carlos Trigueiro, escritor, autor de "Confissões de um Anjo da Guarda", contos (Bertrand Brasil, 2008), Rio de Janeiro / RJ.

Anônimo disse...

Joana:

que que eu vou dizer depois do teu entusiasmo, da tua verve? Gracias de coração pela leitura dedicada. Me lembras o Drummond. "Que tristes seriam as coisas consideradas sem ênfase." És enfática e, pelo que tenho visto, fiel a este espaço. Tomara que os próximos textos te mereçam.

Beijo.

Paulo

Anônimo disse...

Com que prazer li esse texto... se soubesses...
Agora, quero mais!

Abraço,

Érica Cocolicchio

Anônimo disse...

Paulo, bem lembrado, entre outros escritores gaúchos relegados ao tempo, retomas Tânia Jamardo Faillace com "O 35º ano de Inês", que aliás ela mergulha profundamente no universo feminino, (tabus arcaícos, a mulher na busca da própria mulher): "Bom, agora me toca fazer alguma coisa... esgotados todos os prazos que se concedera. Esgotada a vigência de sua passividade.Estava agora provado, mais do que provado e comprovado, que sua vida não teria qualquer mudança."(Tânia J.Faillace,"O 35º ano de Inês,ps.06-07)Ironicamente,temos um número tão inexpressivo de mulheres gaúchas escritoras e, as que temos jogamos no esquecimento.
Abraço Maira B.Engers (Professora de Literatura, escritora)

Paulo Seben disse...

Faltou gente aí.

Anônimo disse...

Paulo Seben, que me dá a honra da visita, tem razão. Poeta, professor de literatura, conhecer do cânone oficial e do cânone, digamos, marginal, não deve, suponho, cair nessas armadilhas. E discernir os autores que valem a pena, independente da recepção de sua obra. Claro, Seben, se garimparmos bem, outros nomes vamos encontrar. Mas confesso que não sei se exatamente no espírito do meu artigo. Talvez um Antonio Carlos Resende, um Aldyr Garcia Schlee. E não vejo nenhum mais. Outros nomes me ocorrem, sim. Mas sem fôlego para sustentar o que os citados sustentam. E, claro, há "casos", mas tão isolados (autor de um livro só), que me parecem absoluta exceção a ponto de não entrar nessa história: não aconteceram aqui, vão acontecer lá? Exemplo: Roberto Bittencourt Martins e seu "Ibiamoré: O trem fantasma"; Sérgio Schaefer e a maçuda paródia de "Grande sertão: Veredas" que é sua impressionante estréia com "Flores do Brasil"; e, ainda nos anos 1970, e morto cedo e tragicamente, o humor isolado na seriedade sulina de Gladstone Osório Mársico com o fôlego de "Cogumelos de outono", mais de 700 páginas. Mais meia de dúzia de nomes acharemos. Todos aqui mesmo enterrados. Em vida.

Abraços e volte sempre, Seben, contribuindo, como é seu estilo.