terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

DEPOIS DA LOIRINHA

Cabelos castanho-escuros, lisos e macios como a pele mais embaixo. Os olhos amendoados acompanhando o sorriso confiante sem afetação e simpático sem pedir a esmola do nosso olhar. (Nós é que pedimos esmola.) A pele – até Olavo Bilac ergueu-se do túmulo – de níveo palor. Os lábios carnudos até um certo limite, além do qual seriam obscenos. Rosto de mulher sem perder o intenso frescor da idade que não mente, nem para menos, nem para mais. Scarlett Johansson, 24 anos, aparece em quatro imagens divulgadas hoje pelos promotores da pre-estreia mundial da comédia He's Just Not That Into You, no Grauman's Chinese Theatre, em Hollywood, Califórnia. Olhei-a quatro vezes quatro. Depois virei pedra. Antes, tive tempo de me perguntar, como um personagem do meu conto “Depois da loirinha”, do livro A solidão do Diabo, de 2006: “O que faço agora da minha vida?” Infelizmente, já tinha virado estátua, cujo futuro é virar ruína. Este post é dedicado a um amigo que sofre da mesma gravíssima doença, Jorge Ritter. (03/02/2009)

13 comentários:

Anônimo disse...

haha, boa essa!

grato pela lembrança! ah, e folgo em ver que retomaste o blog!

um viciado em letras que deixa de escrever pode partir pra vícios bem mais nocivos, como torcer para o grêmio, jogos de azar, etc.

abração, jorge

Anônimo disse...

Paulo Bentancur!

sou sua leitora há muito tempo. E acho você um grande escritor, mesmo quando fala sobre tênis. Qualquer assunto, enfim. Mas cair nesse antigo truque de pôr-se aos pés das estrelas hollywoodianas? Alguém pode achar que é ciúme (e eu só cito isso porque não é mesmo), porém a questão é bem outra: um escritor que escreve sobre quase tudo e para todas as idades – dele eu esperaria qualquer coisa, menos cair no óbvio. E babar por uma beldade que está na moda é óbvio demais.

Abraços.


Marília Achilles Marcondes – Belo Horizonte. MG.

Anônimo disse...

Ei, Paulo:

olhei as fotos. Tem outras mais na internet. Mas a Scarlet é mesmo demolidora, principalmente naquela cena do "Match Point", do Woody Allen, em que, na chuva, ela corre do pretendente (enlouquecido, como eu, como você) por ela. Corre sem querer correr. Para (sem acento, ai, nova ortografia). E o encara, resfolegando, não sabemos se da corrida ou do desejo. A camisa branca estufada pelos seios. Os cabelos ainda loiros (agora estão escurecidos pela pintura; mas por mais que ela faça, não estraga nada) escorridos pela água que cai dos céus como Deus, se existisse, cairia a seus pés. Há muito o que falar sobre ela. E para a simpática leitora Marília, tomo a liberdade de fazer um comentário: não é só beldade, não. A Scarlet é bastante simpática, não é louca como a maioria das estrelas de Hoolywood, e já provou ser excelente atriz. Então, a gente imagina: tudo aquilo e mais talento e mais simpatia. Supõe-se, então, inteligência junto. Dá para resistir? Eu não.


Cláudio Manoel dos Santos - Salvador, BA.

LUIZ HORACIO disse...

o importante é sentir...e revelar, seja por róliudiana ou acreana, tanto faz.
Abraço
LH

Anônimo disse...

anônima conhecida...

pois é! Faço um aqui um comentário feminino sincero e talvez sem vícios, como machismo ou feminismo?.... difícil saber qual personagem vestimos hoje...eu não sei o meu!
Tbm li e creio siceridade nas palavra de Marília, mas tomo a liberdade de discordar...
Me apossando de um escudo cético chamado 'a incomunicabilidade humana', e ouso colocar como verdade, q no universo femininoXmasculino não existe conexão. É certo que nós mulhers não tenhamos ciúmes de Paulo Bentancur e até talvez do Brad Pitt, mas grande parte teve de seu pai!
O Homem olha a 'presa', o 'bom caçador' nunca terá um olhar tão distante. E isto não é demérito, nem para Bentancur, ou qualquer outro da espécie. É natureza, é fato, é apenas o homem natural, "neste assunto". Um assunto em q nós mulheres temos mania de pesar de acordo com nossa natureza, muito poucas babam por um 'gurizinho de Hollywood', e é problema? Se mulheres querem, sinceridade,amor,sonhos... Pecado? não, é natural!
Eu até não prestei devida atenção na 'moça', mas creio q os elogios lhe são merececido, pois pela ótica masculina, a inteligência dela, fica em segundo plano, eles(aqui) apenas a comentaram como álibi à sua essência...
E o universo feminino faz o q frente a um sentimento indicutivelmente natural? Não é erro lastimar, mas querer que eles pensem com a nossa cabeça, é no minímo ingênuo.

Ontem um colega mostrou um artigo em um jornal sobre uma boneca(loira, linda e maravilhosa, uma mulher perfeita) q os homem podem comprar, e q de brinde a dita: não fala, não tem dores de cabeça, não vai a shopping, e os demais adereços q eles tanto detestam...e logo uma colega saiu com esta: Também queremos um boneco q não goste de futebol, não ronque,não pingue xixi no banheiro, não deixe toalhas molhadas pela casa, entre outros...
Esta situação nos mostra uma eterna guerra, enquanto na verdade, eu creio q aquele colega naquele momento estava se referindo a incomunicabilidade, a solidão e nos fazendo a clássica pergunta, onde iremos parar?
Mas retomando ao tema q é, a Ode de Bentancur a Loirinha, ele apenas falou e sentiu o que 99,9% do universo masculino sente mas não sabe falar ou lhes falta coragem!
bjsss

Anônimo disse...

Brilhante Paulo,
Não gostaria de falar só de um texto teu; mas de todos que li até agora. Todos os teus escritos primam pela excelência, com palavras escolhidas para causar o efeito desejado no leitor, seja de dó, de amor, de náusea ou de ódio. Não faz diferença. O teu critério é o mesmo. A palavra está ali porque tem que estar, não foi posta aleatoriamente; foi pinçada criteriossamente.
Estou saboreando os textos aos poucos, como quem sorve um vinho tinto de altíssima estirpe
Parabéns, velho mestre.
Gilberto Abrão

Anônimo disse...

Os escritores deveriam fazer como os grandes jogadores de futebol, pararem de escrever enquanto estão no auge da fama, para não decairem a sua imagem.
De alguém tão talentoso como você amigão, a gente espera qualidade sempre.
Eduardo Santana
Brasília-DF

Anônimo disse...

Caro Eduardo:

agradeço o "talentoso", o "amigão", mas...

Primeiro: estou longe de me encontrar no "auge da fama", de tal forma (em literatura, como já escreveu o Moacyr Scliar, a gente está sempre começando), que estou muito longe de "decair". E depois, por exemplo, o Luis Fernando Verissimo – com todo o direito – elege, vez em quando, uma musa, uma delas, das mais recentes, a Patrícia Poeta. Que que tem? Pausa para um descanso, um suspiro, uma distração, antes de voltar a pegar no pesado.
Meu tema predominante tem sido a leitura, os livros, os autores, a arte literária. Mas a vida se impõe com suas florações, às vezes, quando menos se espera, e Scarlet Johasson é uma delas. estreou aos 10 anos, fez 30 filmes, muitos deles com meia dúzia de ótimos diretores, teve 10 indicações para melhor atriz (Globo de Ouro, seis Vezes), ganhou, por "Encontros e Desencontros, o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Veneza, em 2003, com 19 anos. Falar da beleza dela foi só sobremesa. Não penso que haja tema proibido. Nem abordagem probida, a não ser a de mau-gosto, claro.

Mas que o debate tá bom, está.

Anônimo disse...

Paulo

Não acho o debate bom não. Acho que é a gente precisa rechear a literatura (de blog, de jornal ou livro, etc) de VALOR. Estou com a Marília. Aliás, enfocar o físico da atriz pode desviar o principal: a sua qualidade profissional. E aí, o que conta, não é o padrão global,hollywoodiano de beleza, mas a capacidade de CRIAR beleza, seja no palco, na página, na tela, na música.
Cida Sepulveda

Lua em Libra disse...

Paulo,
Estou adorando o bate-teclas sobre "A Loirinha"! Aliás, sempre achei interessante o fato de os leitores confundirem o autor com seus personagens, com as verdades (!!) de seus textos. Acho absolutamente glorioso quando isso acontece. Mais uma vez, conseguiste isso: quem escreve sobre a tal - digamos - gostosa? O homem, ou uma das tuas tantas personas, como os homens do conto Depois da Loirinha? Não importa, não importa. Delícia de texto, obrigada. Beijo,

Melissa disse...

e eu acho óbvio demais achar óbvio demais babar por uma beldade.


beijos

Anônimo disse...

Cecília, Melissa, perfeitas e sábias palavras!!!
Existe tema proibido na arte?
Eu sempre pensei q na arte a ditadura não cabia, fui muito tempo enganada!?
Falso moralismo adicionado a inveja feminina ou algum sentimento tão grande q não conseguimos perceber???

Anônimo disse...

olá,

sou leitor do paulo há décadas e a questão que se apresenta me parece muito clara: há um porco chauvinista no poeta, ou seria o poeta que habita o porco chauvinista? somos seres multifacetados, o paulo apenas revelou uma face que desconhecíamos, de um sujeito dado a babar por scarletes de saiotes floridos. infantil? talvez. ridículo? não sei. só isso. de resto ele continua um bom escritor e um grande camarada.

abraços, joca torres

uberlândia, MG