domingo, 27 de fevereiro de 2011

GRATIDÃO AO ARTISTA MORTO

Querido Scliar,

eu poderia escrever para a tua família, tua esposa, teu filho, contando-lhes do meu imenso carinho por ti, da minha admiração incondicional, como artista e (o que é mais difícil) como o ser humano que foste. Mas preciso te dizer alguma coisa. Se não alcançares essas palavras, estarei, como consolo (embora nesta hora inconsolável) dizendo-as a mim mesmo. Tive as duas convivências contigo. Foste o escritor que a partir dos meus 17 (portanto, há 36 anos) passou a acompanhar a minha carreira, me estimulando sempre, me sugerindo, me aconselhando, me alertando, arregaçando as mangas (que energia, exército de um homem só!), ao ponto de escreveres dois generosíssimos prefácios em dois livros meus, ao ponto de eu ter a alegria de ter editado três livros teus, sem falar nas vezes em que nos cruzamos para dar palestras juntos, como em Santo André, SP, sobre o centenário de Erico Verissimo, em 2005, e tu te mostravas mais preocupado com a minha ansiedade do que com a palestra em si, tão generoso, meu amigo, meu irmão, quase um pai (dá licença, Beto!). Estamos órfãos, eu e a literatura. (27/02/2011)

5 comentários:

Anônimo disse...

Onde começa o autor e onde termina sua literatura? Moacyr, certamente não terminará pois sua literatura ainda flui em importância. Ótimo texto para um ótimo escritor, Paulo.

Jeff Negromonte

Anônimo disse...

Paulo,
fizestes a síntese de um ser humano a outro. São poucos os que possuem grandeza de sentimentos para agradecer e reconhecer a amizade e o companheirismo do próximo.
Tenho certeza que teu amigo conseguirá captar teu agradecimento e tua saudade.
Realmente a literatura perde e chora pela falta que as palavras de Moacyr farão.
Ceres

Anônimo disse...

Paulo, minha ignorância literária ainda não me permitiu conhecer a literatura de Moacir Scliar. Eu o conheci através de você, que sempre se referiu a ele como ser humano fabuloso, amigo do coração e grande escritor. As únicas coisas que li de Moacyr foi o prefácio dos seus livros Solidão do Diabo e Instruções para Iludir Relógios (que não me lembro se foi prefacio ou orelha). Pela perda do grande amigo deixo à você, pessoa que é muito cara, sentimentos consternados. Pela perda da literatura que apesar de não conhecer sei que é valiosa, pesares à todos nós leitores e brasileiros. Silvia Machuca

Dídimo Gusmão disse...

Realmente, é uma grande perda para a literatura mundial.
Moacyr Scliar, tinha todo um jeito especial para escrever e encantar com as suas hábeis palavras.
Que agora, ele possa encantar aos céus com os teus textos geniais.

Maristela Mendes disse...

Sinto que as letras estão tristes e choram o seu silêncio!