quarta-feira, 2 de março de 2011

FILHO DE QUEM

Conduziu-me pela mão
o som de membro tão hábil.

Levou-me na direção,
as minha pernas cantando
pedras, tropeços, recantos.

Sentou-me no colo do chão,
desenhou-me a cor da grama,
coloriu-me a terra densa
e suas raízes músculos.

Ergueu-me o rosto pro céu,
a cegar o sol e as nuvens.

Baixou-me o olhar até
o leito onde escorriam
as palavras a criar
o menino já crescido.

Minha mãe com seu vestido,
puído, escondendo os joelhos;
meu pai tropeçando vinho,
gargalhando com os vizinhos.

Eu já era cuidado
ao ponto de cuidadoso
com o que dizia a todos.

Os livros ali tão perto.
Os livros me sussurrando.
Os livros: conselho, relho,
Os livros, sérios, brincando.

Os livros, pais a me dar
um rumo, martelo, murros
necessários no recreio
quando colegas cravavam
receio em quem pensavam
ser filho de pais ausentes.

Literatura, a bênção,
senhora, minha mãe de sempre. (02/03/2011)